domingo, 26 de dezembro de 2010

Natal

Meu avô acabou comigo neste Natal.

Aconteceu neste dia em que lembramos do nascimento de Cristo ou, dependendo da sua religião, comemoramos seu real nascimento, pois Jesus nasceu uma única vez em todos os 25 de Dezembro por toda a eternidade. Dogma cristão católico.

Enfim, estamos na festa de familia. Fazia muito tempo que eu não o via. Ele estava mais fraco, seus olhos estavam mais claros, tornando visivel aos outros que estava com a visão comprometida.

Ele mal escutava as coisas. Peralta, o gato, havia morrido fazia tempo. Tinha inchaços nas pernas, de forma que andar era dificil e eu mesmo tive que ajudá-lo, pois nem a bengala já fornecia apoio o suficiente.

Meu irmão esta morando com ele, sendo este também o motivo pelo qual eu não ando mais lá. Mas o fato de meu irmão estar por lá não implica em atenção ou cuidado, não, definitivamente não. Imagino este homem solitário, um grande solitário. Meu avô.

Mas o fato que acabou comigo foi ao final. Estavamos para sair, quando, vendo aquele homem acabado, lhe decidir dar mais do que um aperto de mão, mas um abraço. Lhe dei o tímido abraço, como se dá em alguém sentado na cadeira de balança, ele então me falou:

- E seja muito feliz.

E isso acabou comigo.

Eu senti um tom de infelicidade no seu tom de voz e isso acabou com a minha paz dentro da primeira hora do dia do nascimento daquele que deveria salvar a toda a humanidade.

A infelicidade de um solitário moribundo que mal anda, mal vê, mal ouve e mal tem saúde. Infelicidade esta que posso esquecer-me sobre a qualquer momento, mas que, por amor ao Deus que nem sei mais se acredito, teimarei em deixá-lo vivo.

E eu espero ser capaz de lutar por este moribundo e solitário homem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário