quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Memórias e passos

Hoje comecei a caminhar. Comecei assim, como quem não quer nada, disfarçando o desejo de perder uns dez quilos e voltar a possuir o mesmo corpo de antes.
Eu, humano que sou, gosto de as vezes me iludir.

Caminhei sozinho. A priori eu queria uma compania e tentei possuí-la.
Alan não quis caminhar (sedentário, nunca perderá dez quilos! - falsamente jogo falsa maldição), Xinha tinha Biodança, a Cobra tinha grupo de estudos e o Bruno, não o chamei porque ele ainda não me pediu desculpas pelos seus pecados mortais.


Então lá estava eu. Decidido a caminhar, e perder quilos.
Fui sozinho mesmo. Decidi curti-la.


A maior parte das pessoas fogem da solidão, mas eu, de certa forma, me tornei amigo dela. Creio que existe uma solidão boa no mundo.

Caminhei cantando, depois pensando no quanto ainda teria que me tormentar.
Caminhei.

Caminhando, as vezes, imaginava os dois do meu lado. Ora um, ora outro. Meus amores.

A diferença entre amores e paixões é que as paixões se concretizam na carne enquanto os amores no sorriso. E é possível que hajam amores que não são paixões e paixões que não são amores. Tudo seria possível neste mundo de infinitas possibilidades.

E, no momento, eu, sozinho, estava curtindo a minha ilusão.

Mas ilusões não são vida! São pedaços de memórias que tentamos manter e são reconfortantes. Mas não são vida.


"Memories are nice, but this is all they are: memories"


Amanhã pretendo caminhar novamente. Não procurarei fugir exaustivamente da solidão. Talvez me iluda um pouco durante minha caminhada (ou compre um mp4 com fones). Mas, quer saber? Sem pressa. Sem pressa de não estar sozinho, sem pressa de não recorrer às memórias, sem pressa em perder dez quilos.



Então, hoje comecei a caminhar. Comecei assim, como quem não quer nada, disfarçando o meu desejo de, humano que sou, me iludir e permanecer sozinho.

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